quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Conservantes: Qual o real perigo dos liberadores de formol?

Depois de muito tempo sem escrever, resolvi dedicar esse novo post a uma causa especial. Ano passado eu engravidei e hoje já me encontro na ultima semana de gestação! Por isso, tenho participado de grupos virtuais de mães que, assim como eu, se preocupam com a saúde dos pequenos. Entre essas preocupações está o perigo (ou não) do uso de cosméticos infantis com conservantes classificados como “liberadores de formol”. Mas para iniciar essa conversa vamos revisar qual é a função do conservante em um cosmético!
Embora muitas pessoas achem ruim a sua presença, o conservante tem um papel importante nos cosméticos: evitar a proliferação de agentes microbianos! Contudo existem duas vertentes para o uso desses agentes: uma a favor e outra contra seu uso.

A FAVOR:
Sem a presença do conservante, fungos e bactérias poderiam facilmente se multiplicar dentro desses produtos acarretando problemas de pele e de saúde bem sérios para os usuários! Bactérias e fungos gostam de tudo que tem em cosméticos, principalmente a quantidade abundante de água!
Dessa forma, o conservante parece ser extremamente necessário!

CONTRA:
É fato que um dos maiores causadores de alergias, proveniente de cosméticos, é o conservante! Existem diversos estudos que comprovam que muitos cosméticos causam alergias por causa da presença de conservantes.
Dessa forma, o ideal seriam cosméticos naturais, sem adição de conservantes.

Mas dai pare e pense, o que é melhor arriscar: Correr o risco de ter uma alergia ou uma infecção? Mas não daria para esterilizar os cosméticos ao invés de colocar conservante? Daria, mas o preço ficaria caríssimo e ao abrir o produto e usá-lo a esterilidade do mesmo já não poderia ser assegurada! Então o que resta é o uso de agentes conservantes.

Então ta... usa-se o conservante... mas e os liberadores de formol (ou formaldeído)? Qual o problema com eles?
De tudo que eu pesquisei na internet (e quando eu falo internet eu me refiro a estudos publicados em revistas científicas sérias) o maior problema com eles é o potencial alergênico! Isso mesmo! A maioria dos estudos foca na capacidade de irritação que esses produtos podem causar na pele!
Mas e o risco de câncer? O formol não é cancerígeno?
Risco de câncer aparece apenas para a exposição excessiva (altas quantidades) ao formol na forma de vapor! O seu vapor é facilmente inalado e vai direto para pulmões e consequentemente corrente sanguínea! Esse é o risco causado quando ele é utilizado em produtos para alisamento capilar, por exemplo! Em baixa quantidade NADA ainda foi comprovado! Além disso, a absorção do formaldeído através da pele é muito baixa! Tanto é que ele é aprovado para uso em esmaltes (como fortalecedor de unhas) em concentrações de até 5%.
Mais um ponto importante: os liberadores de formaldeído não tem a mesma capacidade de irritação que o formaldeído em si! Isso pq eles liberam o formaldeído gradativamente, ou seja, o contato do formaldeído desses agentes ocorre de forma mais lenta e em menores quantidades!
O que isso significa:
- Para pessoas que não tem alergia ao formaldeído nada! Só que o contato vai ser menor, ou seja, qualquer outro risco está ainda mais minimizado!
- Para quem é efetivamente alérgico ao formaldeído os riscos de reações alérgicas (embora reduzidos) ainda podem existir!

Então é seguro o uso desses produtos?
Por enquanto nada foi comprovado! Eu não posso afirmar aqui que é 100% seguro, mas acredito que os riscos de câncer são muito baixos.

E quem é o tal de quartenium-15?
Também chamado de Cloreto de 1-(3-Cloroalil)-3,5,7-Triazo-1-Azoniadamantano, é um conservante aprovado pela União Europeia para uso em uma concentração de até 0,20%. Existem relatos da ocorrência de alergia causada por produtos que contém esse agente, contudo os dados da Europa e EUA são diferentes. Uma provável explicação é a diferença de exposição que os consumidores de cada país têm. Nos EUA a frequência no uso de cosméticos é superior a da Europa. Ainda, a legislação europeia é a mais rígida que existe, sendo a restrição de uso e concentrações de uso bem maior.

Mas só o quartenium-15 é um liberador de formaldeído? Não! Vários outros agentes também são, vamos a eles:

BENZYLHEMIFORMAL (ou phenylmethoxymethanol): tem seu uso permitido pela União Europeia em produtos com enxágue, em uma concentração máxima de 0,15%
Frequência de reações alérgicas: muito baixa, estudos relatam menos de 3% de incidência.

5-BROMO-5-NITRO-1,3-DIOXANE (ou bromonitrodioxane): tem seu uso permitido pela União Europeia em produtos com enxágue, em uma conceração máxima de 0,10%
Frequência de reações alérgicas: muito rara.

2-BROMO-2-NITROPROPANE-1,3-DIOL (ou bromonitropropanediol): tem seu uso permitido pela União Europeia em qualquer produto cosmético em uma concertação máxima de 0,10%.
Frequência de reações alérgicas: Estudos recentes demonstram como provável a culpa desse conservante para relatos de alergia com cosméticos.

DIAZOLIDINYL UREA (ou N,N’-bis(hydroxymethyl)urea): tem seu uso permitido pela União Europeia em qualquer produto cosmético em uma concertação máxima de 0,50%.
Frequência de reações alérgicas: Estudos recentes demonstram a ocorrência de dermatite de contato para produtos com esse conservante, sendo provavelmente a causa relacionada a diazolinidil urea.

IMIDAZOLIDINYL UREA (ou imidurea): tem seu uso permitido pela União Europeia em qualquer produto cosmético em uma concertação máxima de 0,60%.
Frequência de reações alérgicas: Estudos recentes demonstram a ocorrência de dermatite de contato para produtos com esse conservante, sendo provavelmente a causa relacionada a imidazolinidil urea.

DMDM HYDANTOIN (ou dimethyloldimethylhydantoin): tem seu uso permitido pela União Europeia em qualquer produto cosmético em uma concertação máxima de 0,60%.
Frequência de reações alérgicas: Estudos recentes demonstram a ocorrência de dermatite de contato para produtos com esse conservante, sendo provavelmente a causa relacionada a DMDM Hydantoin.

SODIUM HYDROXYMETHYLGLYCINATE (ou hydroxymethylaminoacetic acid): tem seu uso permitido pela União Europeia em qualquer produto cosmético em uma concertação máxima de 0,50%.
Frequência de reações alérgicas: aparentemente não existe documentação de casos de alergia para esse conservante.

Acho que cada pessoa deve avaliar e decidir o que acha mais seguro usar, mas lembrem-se que por muito tempo esses conservantes foram usados e nada aconteceu!
Aliás, embora muitas pessoas não saibam, o formol esta presente em muitos lugares que nem imaginamos, como alimentos, incluindo café, caviar, presunto defumado e bacalhau.

Estou deixando aqui uma lista de artigos científicos que li sobre o assunto. Muitos não estão disponíveis na íntegra, mas eu tenho todos eles em pdf, logo se precisarem de algum me peçam por email. E aqui a lista de conservantes permitidos pela ANVISA.

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S157821901170765X
http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/faenfi/article/viewArticle/9661
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0213925111002395
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0536.2009.01615.x/full
http://pubs.acs.org/doi/abs/10.1021/ac0619985
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0536.2009.01623.x/full
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1600-0536.2010.01770.x/full
http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1440-0960.2012.00958.x/full
http://mobile.journals.lww.com/dermatitis/_layouts/oaks.journals.mobile/articleviewer.aspx?year=2012&issue=01000&article=00008#ath
http://www.s ciencedirect.com/science/article/pii/S0065128112001687
http://m.ijt.sagepub.com/content/32/6_suppl/5S.short
http://www.jle.com/fr/revues/ejd/e-docs/parabens_a_real_hazard_or_a_scare_story__295048/article.phtml
http://demo.pjps.pk/wp-content/uploads/pdfs/CD-PJPS-26-1-13/Paper-22.pdf


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Esmaltes e Nanotecnologia: Produtos cosméticos inovadores

O post de hoje não foi escrito por mim, mas sim por uma profissional pela qual tenho muito respeito e admiração pela jornada que cumpriu e vem cumprindo!
Ela é mestre em ciências farmacêuticas pela UFRGS e diretora de uma das empresas mais inovadoras do país, a INVENTIVA, empresa líder em nanotecnologia!

Com a palavra: Cândice Felippi


As unhas, cientificamente conhecida como lâmina ungueal, são uma importante peça na beleza, tanto feminina, quanto masculina. Elas são um reflexo direto do nosso corpo e podem representar o estado geral da nossa saúde. Uma unha quebradiça, amarelada ou com deformidades pode estar querendo dizer que algo não está bem com nosso corpo. A alimentação é um dos principais fatores que afetam a aparência geral das unhas, sendo que refeições ricas em ferro, cálcio e vitaminas são extremamente importantes.
Antigamente, admitia-se que a resistência ungueal era devida à quantidade de cálcio. Ao passar dos anos, pesquisadores comprovaram que é a quantidade elevada de enxofre das unhas que contribui para que as pontes dissulfeto entre cisteínas estabilizem proteínas relevantes para a resistência ungueal. Ela contém aproximadamente 10% de água e é pobre em lipídios. Dessa forma, sua capacidade de reter líquido é pequena, o que a torna mais suscetível à desidratação e aos danos mecânicos. Unhas de idosos têm percentual ainda menor de lipídios, mostrando, portanto, maior suscetibilidade para unhas frágeis.
A exposição das unhas a cosméticos contendo agentes químicos como acetonas, esmaltes à base de solventes (formaldeído, tolueno), além de fungos e traumas repetitivos (como digitação, por exemplo) podem interferir na adesão intercelular dos corneócitos e tornar as unhas extremamente frágeis. Esses fatores parecem atuar de maneira cumulativa, determinando maiores alterações ungueais com a maior exposição ao longo do tempo. Uma causa freqüentemente negligenciada é o uso abusivo de removedores de esmalte, principalmente contendo acetona, que promovem secagem excessiva das unhas, acarretando em unhas quebradiças, esbranquiçadas e sem brilho.
O culto à beleza das unhas vem da antiguidade. No Egito antigo já existia o costume de pintar as unhas e os dedos com henna. Hoje, no mercado, existem uma quantidade enorme de produtos com a finalidade de embelezar as unhas.
Esmaltes não são usados apenas pela finalidade estética; eles também auxiliam no fortalecimento e na proteção das unhas, principalmente das agressões do dia a dia. Por isso, é extremamente importante saber escolher produtos de qualidade, seguros e eficazes para nossas unhas. Algumas fórmulas contêm um solvente chamado tolueno, que devido ao seu baixo custo, ainda é utilizado em alguns esmaltes. Além dele, o formaldeído também está presente em alguns esmaltes, pois confere uma boa aderência e durabilidade ao produto. Esses dois solventes são extremamente prejudiciais para as unhas e causadores de reações alérgicas. Devido a isso, a Anvisa proibiu no Brasil  o uso de formaldeído em cosméticos e o tolueno também já está sendo retirado de esmaltes por diversas empresas. O consumidor deve estar atento na escolha de esmaltes sem tolueno na fórmula e, dessa forma, não prejudicar sua saúde e nem das suas unhas.
O mundo dos esmaltes evolui rapidamente e diferentes produtos são lançados no mercado praticamente todos os dias. O consumidor está sempre atento às novidades, buscando produtos inovadores e capazes de trazer rápidos e bons resultados. Devido a isso, esse mercado acaba sendo muito dinâmico, necessitando renovar constantemente seus produtos. Algumas tecnologias muito bem desenvolvidas já podem ser apreciadas por consumidores, como o uso da nanotecnologia em esmaltes.
Cosméticos com nanotecnologia são formulações que conduzem ativos ao seu local de ação, podendo controlar a liberação do ativo em camadas mais profundas, tornando-o mais efetivo que os produtos convencionais. Na área cosmética, geralmente, as nanopartículas apresentam diâmetros compreendidos entre 100 e 600 nm. Através da Figura 1, é possível ter uma noção de uma ampla escala nanométrica, na qual se observa que uma nanopartícula é maior que um vírus e menor que uma bactéria.





Algumas das vantagens que podem ser obtidas com a utilização da nanotecnologia na produção de cosméticos são: aumento da estabilidade dos ativos cosméticos, a liberação lenta e controlada do ativo, melhora na homogeneidade das formulações, o aumento da eficácia dos produtos e o aumento da capacidade de hidratação da pele, cabelos e unhas, devido ao tamanho nanométrico dos sistemas.
             O estudo de aplicação em esmaltes de unhas de nanopatrículas de óleo de Argan (NanoArgan da empresa Inventiva) demonstrou excelentes resultados de reparação e fortalecimento das unhas. Em apenas uma semana utilizando NanoArgan  em base para esmalte, voluntários com unhas quebradiças notaram que suas unhas não quebraram e, após 20 dias, as unhas que não conseguiam obter um comprimento estavam endurecidas e compridas.

Quando utilizado em bases para esmaltes coloridos, testes demonstraram que a resistência de duração do esmalte contendo NanoArgan foi maior (7 dias de duração) quando comparado com o produto puro (5 dias). Portanto, a utilização de NanoArgan em esmaltes é capaz de aumentar a força e resistência das unhas, além de manter o esmalte por mais tempo sobre as unhas.
É fundamental a escolha de bons produtos para as unhas, com fórmulas livres de tolueno, formaldeído e dibutilftalato, principalmente para pessoas que tem facilidade em adquirir irritações nas unhas. A adição de ativos como óleos vegetais torna o produto ainda menos agressivo e com benefícios além de apenas colorir. Ainda, esmaltes com nanotecnologia, além de tornarem o produto extremamente inovador, ainda agregam eficácia e segurança aos produtos. 
Algumas empresas já adquiriram a esta tecnologia inovadora, como a Kolt, que possui uma ampla linha de esmaltes com nanotecnologia, uma das linhas possui nanopartículas de queratina, D-pantenol e vitamina E (NanoVit Nail®), e a outra, em homenagem as blogueiras, com nanopartículas de óleo de Argan (NanoArgan®). A empresa Dailus lançou este ano 20 cores de esmaltes que proporcionam alta cobertura, brilho e cor intensa para as unhas. Com uma embalagem inovadora, sobretampa e pincel diferenciado que facilita a aplicação, o esmalte contém nanopartículas de queratina, D-Pantenol e vitamina E (NanoVit Nail®) que fortifica e hidrata, reduzindo quebras e descamação.



Links com produtos:



quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Nanotecnologia em cosméticos!

Para quem não conhece a área ou para quem quer saber mais, super recomendo esse curso! As ministrantes são duas expertes na áreas, com conhecimento prático e teórico!
Vale a pena conferir!




terça-feira, 10 de julho de 2012

De ácido glioxílico a formol?

Eu sempre ouvia falar que o ácido glioxílico poderia se converter a formol, mas nunca tive certeza se isso era mito ou verdade!
Para que você entenda: muitas progressiva, com a finalidade de obter um resultado (de liso) melhor, associam o ácido glioxílico com a carbocisteína. O ácido glioxílico é um composto orgânico da classe dos aldeídos, a mesma do formol.
A estrutura química do formol e do ácido glioxílico é parecida, mas o ácido glioxílico apresenta uma carboxila a mais (figura a baixo).



Sendo um aldeído, o ácido glioxílico poderia fazer a reticulação da matriz do córtex (assim como o formol) para auxiliar na fixação do novo formato.
Mas qual o problema? Bom... alguns estudos demonstram que quando submetido a temperaturas superiores à 200 graus (C) o ácido glioxílico pode sofrer uma decomposição térmica em gás carbônico e formol (eu li nesse artigo).
Segundo o estudo feito por Back e Yamamoto, quanto mais próximo à 200 graus, menor a formação de formol, assim como quanto mais elevada a temperatura maior a formação.

Agora fica a pergunta: é arriscado o uso de ácido glioxílico? A quantidade de formol liberada por ele pode ser nociva? Infelizmente essas respostas eu ainda não sei...

A Estrutura da Pele

A pele é o maior órgão do corpo humano, composta por três camadas: a epiderme, a derme e a hipoderme (camada mais interna de tecido adiposo). Ela atua como uma barreira protetora, prevenindo a perda de água e bloqueando a entrada de agentes exógenos.
Epiderme: é constituída de várias camadas de queratinócitos (células responsáveis pela produção de queratina) em diferentes estágios de maturação. Essa é a camada responsável pela prevenção da desidratação das demais camadas. Na epiderme está o extrato córneo, que é a parte mais externa da epiderme. O extrato córneo é a barreira protetora contra a penetração de substâncias estranhas ao corpo.
Derme: é um tecido elástico e resistente que proporciona resistência física ao corpo inteiro. Essa camada fornece os nutrientes para a derme e é formada por células como fibroblastos, granulócitos, colágeno, elastina, glicosaminoglicanos e glicoproteínas.


A Estrutura do Cabelo

O fio de cabelo é formado pelos seguintes componentes: a cutícula, o córtex e a medula.
Cutícula: é constituída por proteínas, é parte mais externa do fio, sendo responsável pela proteção das células do córtex. É a camada cujas propriedades estruturais servem de proteção contra influências externas, ela é responsável pelo ingresso e egresso de água, o que permite manter as propriedades físicas da fibra. É formada por células escamosas de queratina que se sobrepõem umas as outras, lembrando escamas de peixe, formando uma cobertura.
Cortex: ocupa a maior área seccionada do fio (75 %) e é constituído por células ricas em ligações cruzadas de cistina (enxofre) e células rígidas separadas uma a uma por uma membrana celular. O córtex é formado por macrofibrilas de queratina alinhadas na direção do fio. Distribuídos aleatoriamente no córtex estão os grânulos de melanina cujo tipo, tamanho e quantidade determinam a cor do cabelo.
Medula: No interior do córtex está localizada a medula, porém esse componente pode estar presente ou ausente ao longo do comprimento do fio.